Cannes: Skarsgård ferve com os fetiches de um motociclista gay

Cannes: Skarsgård ferve com os fetiches de um motociclista gay

Na competição paralela Un Certain Regard em Cannes, ‘Pillion’ faz plateia rir com casal inusitado entre um motociclista malhado e um jovem tímido com fetiche em submissão

Ainda na sequência inicial de ‘Pillion’, de Harry Lighton, Colin decide ir a um encontro inusitado num beco escuro e insalubre com Ray, um homem de beleza assustadoramente imponente. Embora a prática sexual urbana e cheia de riscos acabe não dando certo, os dois seguem em contato – quando menos espera, já estão envolvidos em um relacionamento nada convencional.

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Sem conversa ou carinho que seriam naturais a um casal, os dois estabelecem uma relação de distância brutal. Com prazer em ser submisso às ordens de alguém “superior”, Colin se submete a uma realidade em que ele precisa fazer as compras e cozinhar, não pode pedir nada ao parceiro ou interrompê-lo em nenhuma hipótese, fazer apenas o que ele mandar e só pode dormir no tapete do chão do quarto. Naquela casa, ele é muito menos importante que o cachorro.

Pelo parágrafo anterior, talvez soe que esse filme seja um terror psicológico ou que sua grande discussão está sob a ideia dos relacionamentos tóxicos e da perpetuação machista – pelo avesso, Lighton faz essa história se transformar numa espécie de “comédia do absurdo”. Ao longo da sessão, é envolvente a dúvida sobre em qual momento esse acordo vai ruir: Colin vai aceitar tudo isso até quando? Ray não tem sentimento mesmo ou tudo faz parte de uma performance?

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Nas cenas bizarras de sexo entre os dois, a plateia aqui em Cannes ficou meio que sem saber como reagir. Embora não seja chocante ou transgressor, como pode parecer, é um filme que sabe ser simples e, quando quer, até complexo. O fetiche de Colin, afinal, manifesta-se como algo impulsivo e sem qualquer equilíbrio, situação que faz o filme entrar também no drama de uma solidão que procura seu lugar no mundo.

Alexander Skarsgård está ótimo, mas ele não tem tantos desafios na interpretação quanto Harry Melling, o ator de Duda Dursley na saga 'Harry Potter', que consegue nos dar uma boa noção da forma como seu personagem vai amadurecendo os próprios desejos. O que é certo e o que ou da linha?

Não há previsão de estreia para ‘Pillion’ no mercado internacional, mas vale a pena ficar de olho. A cobertura do O POVO no 78º Festival de Cannes segue até o dia 24 de maio.

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